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domingo, 21 de setembro de 2014

Greve do Diário do Pará e DOL: um ano de conquistas históricas

A luta dos jornalistas brasileiros por valorização profissional, melhores salários e condições de trabalho é árdua e contínua. É preciso união para somar forças em prol da conquista pelos direitos trabalhistas. O mês de setembro, mais precisamente o dia 20, tem grande significado para os jornalistas paraenses, que tiveram orgulho de presenciar os bravos colegas aderindo à Greve do Diário do Pará e DOL há exatamente um ano. O ato histórico ficará marcado, uma vez que garantiu conquistas reais para os trabalhadores do Grupo RBA. Os jornalistas decidiram pela manifestação por não suportar mais os baixos salários, que não chegavam a R$ 800,00 líquidos para a maioria (alguns sem carteira assinada), as péssimas condições de trabalho (sem água, sem equipamentos adequados para o trabalho), insegurança na apuração das pautas policiais, dentre outras coisas.

Em abril de 2013, mês da data-base dos jornalistas do Grupo, inúmeras tentativas de negociação foram feitas pelo Sindicato dos Jornalistas do Pará (Sinjor-PA). Diversos ofícios foram enviados pelo Sindicato à empresa, solicitando negociação da pauta de reivindicações dos trabalhadores e todos foram ignorados. Só às vésperas da greve que já havia sido anunciada formalmente pelo Sinjor-PA, ao grupo, houve a primeira mesa de negociação com a empresa. Eles apresentaram suas contrapropostas sem grandes avanços, que foram rejeitadas pelos trabalhadores.
A greve, aprovada em assembleia dos trabalhadores do Grupo RBA, se deu no contexto do movimento "Jornalista Vale Mais", lançado pelo Sinjor-PA. Anteriormente à greve, foram realizadas quatro manifestações da campanha de valorização profissional no Estado. Uma em frente à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego, outra na TV Record e duas na RBA.
A primeira mobilização que o Sinjor-PA promoveu em frente à TV RBA teve a adesão de dezenas de jornalistas. Representantes do grupo, além de negar acesso de representantes do Sindicato às dependências da sede da emissora, intimidaram funcionários ameaçando-os com demissão caso aderissem ao movimento. Na semana seguinte, os jornalistas voltaram ao mesmo local, fecharam uma parte da Avenida Almirante Barroso, quando houve nitidamente um aumento de adesões.

Em uma onda crescente, os jornalistas novamente foram às ruas, desta vez, em frente à TV Record Belém, para cobrar melhores condições de trabalho e mais valorização do jornalista paraense. Na ocasião, gritaram palavras de ordem e mostraram cartazes com as principais pautas de reivindicações. A pressão funcionou, pois representantes da TV receberam uma comissão do Sindicato e prometeram acatar uma série de reivindicações.

Após uma semana de greve dos jornalistas do Grupo RBA, no dia 27 setembro, foi fechado um acordo entre a empresa e o Sinjor-PA. Dentre os itens acordados estão a instituição do piso salarial para os jornalistas do Diário do Pará, Portal Diário Online e TV RBA, que passou dos R$ 1.000 para R$ 1.300, logo no início de outubro do ano passado. Em abril deste ano, este mesmo piso foi elevado para R$ 1.500. O valor final representou aumento de 50%, um dos maiores reajustes salariais de todo o país.

A conquista representou ainda a garantia de equipamentos de segurança para as equipes de reportagens, principalmente para os que trabalham em editoria de polícia, como colete à prova de balas, além de outras questões básicas, como melhores condições de trabalho.
Como forma de retaliação, o Grupo RBA, após o fim da estabilidade de 45 dias firmado em acordo com o Sinjor-PA, iniciou uma série de demissões arbitrárias. No total, 16 jornalistas foram dispensados de forma vexatória, sendo que a maioria foi surpreendida ainda na recepção da empresa quando chegava para mais um expediente de trabalho. Em apoio aos jornalistas, o Sinjor-PA ajuizou ação coletiva de reintegração e de danos morais contra o grupo. Na primeira ação, a justiça do trabalho obrigou a reintegração e o pagamento de uma indenização no valor de R$ 30 mil, a título de danos morais, a cada um dos quatro jornalistas demitidos em novembro do ano passado. A empresa recorreu, mesmo assim, a expectativa é que o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 8ª Região mantenha a decisão que fez.
Ainda em relação aos processos ajuizados pelo Sinjor-PA, também está andamento, na 5ª Vara do Trabalho de Belém, a ação coletiva em favor de outros cinco jornalistas, também demitidos no Grupo RBA, após a greve.

O movimento aliado à coragem dos trabalhadores do grupo RBA, mostrou para a sociedade todos os problemas enfrentados pela categoria dentro das redações. Os jornalistas também mostraram para o Brasil que só com a união e a força da categoria conseguiremos assegurar nossos direitos.

JORNALISTA VALE MAIS!

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